Tasso & As Vozes

Dark mode não-adaptativo: uma escolha puramente estética

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Advoga-se por aí que todas as interfaces digitais devem ao menos prover um modo escuro, o famigerado dark mode. Não sei ao certo a origem dessa "necessidade" pós-2018, mas não é difícil conjecturar que deva ter surgido no meio do desenvolvimento de software. A justificativa? Descanso visual por uso prolongado de displays.

Acredito que a necessidade real seja outra; me baseio na escolha que muitos conhecidos fotossensíveis têm por trabalhar em ambientes escuros apesar de usar displays com nível de brilho alto, o que, além de destruir o ciclo circadiano, causa cansaço da musculatura complexa dos olhos.

O descanso deve ser para outro órgão: o cérebro do programador, que deve interpretar sintaticamente blocos de texto diferenciando palavras-chaves, identificadores, delimitadores, literais. O modo escuro seria um acessório ao realce de sintaxe, uma vez que o texto colorido é melhor diferenciado contra um fundo preto ou cinza escuro.

Para textos lineares, como os de literatura ou com poucos elementos gráficos e tópicos, tons de sépia e tons simulando o e-ink são muito mais adequados para relaxamento visual. Desta forma, o modo do tema deveria ser adaptativo ao conteúdo, mas ainda prefere-se que ele seja definido pelo contexto, como as cores do sistema ou o modo noturno.